Em linhas gerais, esse projeto consiste numa abordagem da obra do escritor francês Georges Bataille, através da sua produção ficcional, com o intuito de refletir sobre a construção de uma figura autoral, que ocorre, simultaneamente, quando da criação da obra. Considerando algumas formas de abordagem da noção de autoria e das implicações destas nos estudos das produções literárias, essa pesquisa aponta para uma das maneiras em que o ponto de vista do autor ainda pode ser retomado como categoria de análise textual, sem contudo voltar aos estudos autobiográficos. Para pensar tal questão, a pesquisa confronta a relação particular entre Georges Bataille e sua obra ficcional, observando e analisando como uma das marcas por ele produzida nessa obra permite identificá-lo como autor. Assim, essa dissertação pretende questionar de que forma a essas marcas definem a escrita de Bataille, conferindo a ele outra assinatura, e deslocar o foco de análise de seus textos das explicações biográficas tradicionais. Para tal fim, foram selecionadas e analisadas passagens de três obras ficcionais do autor: História do olho, Madame Edwarda e O morto, intentando refletir sobre a constituição dessa assinatura que é descolada da identidade civil, a fim de demonstrar como a relação entre morte e erotismo ao ser articulada a uma meticulosa prática de escrita, compõem os traços que singularizam a escrita batailliana, criando assim uma assinatura que o define enquanto autor de um conjunto de textos ficcionais, inclusive daqueles que assinou com pseudônimos.