A presente dissertação tem como objetivo estabelecer um diálogo entre a imagística do cisne trazida nas obras O lago dos Cisnes de Piotr Ilich Tchaikovsky e Cisne Negro de Darren Aronofsky. Observa-se na análise interpretativa a simbologia do pássaro e de suas cores por uma perspectiva da transformação de uma visão binária Bem x Mal, presentes no balé, para uma perspectiva hermafrodita do cisne proposta pelo filme que ressalta o processo da sua metamorfose. Partindo de uma concepção pós-estruturalista, as obras são analisadas como traduções que, mantendo o vínculo com a anterioridade, operam transformações resultantes do ato de leitura e interpretação do sujeito tradutor. Partindo do conto de fada O véu roubado do alemão Johann Musaeus, que se configura como anterioridade das obras contempladas, a dissertação analisa os rastros e as transformações ocorridas no processo tradutório intersemiótico, abordando a presença dos arquétipos, conforme as reflexões de C.G.Jung. Ao apresentar um mosaico entre conto de fada, balé e filme, a dissertação problematiza conceitos estruturalistas, perspectivas metafísicas platônicas e teorias essencialistas que regem a relação comparativa entre as obras, abordando-as como textos autênticos e valiosos. Na perspectiva da valoração da tradução e do simulacro, foram abordados conceitos desconstrutivistas como suplemento, sobrevida, différance que apresentam uma concepção da tradução como potência que, ao operar transformações, contribui para a permanência dos textos no tempo e permite sua exposição a públicos antes excluídos.