Esta dissertação é produto da pesquisa que se propôs traduzir intersemioticamente, para a fotografia, dois trechos do texto Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios de Salvador, de Jorge Amado, o Convite e o Adeus. As fotografias foram feitas pela autora do presente trabalho partindo das teorias desconstrutivistas, que entendem a tradução como transformação, suplemento, transbordamento do texto traduzido, suprindo ―faltas‖ ou lacunas e possibilitando a sobrevivência da obra que a antecedeu. As lacunas não são vistas sob uma ótica hierarquizante, mas como resultado da não existência de limites para interpretações e suplementos. Neste sentido, as atualizações do guia feitas pelo próprio escritor entre 1960 e 1986 corroboram esta perspectiva, assim como a tradução aqui apresentada. A impossibilidade de significados fixos emerge, em particular, no processo de construção de uma tradução, fazendo com que o tradutor, na condição de sujeito fragmentado e leitor, ressignifique incessantemente o texto de partida e o texto de chegada. A descrição do processo de construção do ensaio-tradução (termo que cunhei derivado do sintagma ensaio fotográfico) traz reflexões acerca das escolhas feitas durante a (re)construção imagética do texto escrito e conta com procedimentos possíveis (como o uso de listas de palavras e story boards) e suplementos inesperados, como a figura do orixá Exu transformada tradutor e a encruzilhada como ponto de partida ou de encontro das possibilidades de caminhos a percorrer, das escolhas a fazer, de sentidos plurais.
Palavras-Chave: Bahia de Todos os Santos: guia das ruas e dos mistérios de Salvador. Jorge Amado. Tradução intersemiótica. Fotografia.
Bahia de Todos os Santos: guia das ruas e dos mistérios de Salvador;Jorge Amado;Tradução intersemiótica;Fotografia.
This dissertation is the result of a research that aimed to translate intersemiotically, into photography, two sections of Jorge Amado‘s text Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios de Salvador. The sections are Convite and Adeus. The photographs were taken by the author of this work under deconstructivist theories perspectives which understand translation as transformation, supplement, overflow of the translated text, supplying gaps and enabling the survival of the work that preceded it. The gaps are not seen under a hierarchical optical, but as a result of the absence of limits for interpretations and supplements. In this sense, the guide updates made by the writer himself between 1960 and 1986 corroborate this view, as well as the translation presented here. The impossibility of fixed meanings emerges, in particular, during the construction of a translation. The translator, a fragmented subject and reader, constantly reframes both source text and target text. The description of the process of building a photographic translation brings reflections on the choices made during the (re)construction of a written text into images and includes possible procedures (such as using word lists and story boards) and unexpected supplements such as the figure of the Orisha Eshu as a translator and the crossroad as a starting point or gathering place of possible paths, of choices to be made, of plural meanings.
Keyword: Bahia de Todos os Santos: guia das ruas e dos mistérios de Salvador. Jorge Amado. Intersemiotic translation. Photography.