Esta dissertação apresenta reflexões resultantes de investigação, mapeamento e análises de representações do negro no contexto das narrativas nacionais argentinas, trazendo como foco a obra Fiebre Negra, escrita pelo autor argentino Miguel Rosenzvit, publicada em 2008. A discussão sobre a América Latina no que concerne a afrodescendentes é recente. Estudos preliminares apontam o Brasil como o país que apresenta mais obras e debates sobre o tema, bem como fortuna crítica, em comparação com outros países da América Latina. A escolha de uma obra argentina deve-se ao fato de não haver muitas análises sobre o afro-latino nesse país. Historicamente, muitos textos teóricos apontam o desaparecimento do negro na Argentina, excluindo-o assim da constituição nacional do país. A partir da leitura crítica da obra argentina Fiebre Negra e de discussões acerca dos mitos fundacionais argentinos, observam-se as seguintes representações de afrodescendentes na Argentina: o negro é apresentado como sujeito, construtor da própria história, participa de distintos momentos considerados importantes para a construção do país e elabora formas de intervenção no sistema de representação nacional desde o século XIX. Esses elementos propiciam tecer considerações diferenciadas sobre o imaginário nacional que rasuram aspectos da tese de branquitude propagada no país e colaboram para outras possiblidades de representação da nação argentina.