Este trabalho tem como objetivo apresentar uma nova abordagem da imagem do estrangeiro, entendendo-o como uma representação do Outro. Propomo-nos a analisar a figura do estrangeiro sob a perspectiva da tradução intersemiótica e cultural, tendo como objeto a representação desse sujeito no filme quebequense Le Survenant (2005), inspirado no romance, cuja primeira edição data de 1945, escrito por Germaine Guèvremont. Nesse sentido, os estudos desconstrutivistas nos fornecem reflexões importantes para a compreensão do discurso do Outro. Partilhamos aqui nosso pensamento de que a estrangeiridade pode ser traduzida através da leitura do Outro, sempre levando em conta que este Outro é apenas uma representação enraizada no imaginário coletivo. Essa é uma leitura de que o Outro ameaça as verdades estabelecidas numa comunidade, em que o estrangeiro é esse Outro que provoca conflitos entre pensamentos que se chocam. A partir da interpretação de que os discursos se organizam em função de uma identidade predeterminada, observa-se que as identidades se constroem por meio da alteridade. Assim, sendo o discurso uma linguagem, ele sofre todas as implicações que as identidades dos sujeitos desses discursos representam. Neste âmbito, uma reflexão sobre o papel da alteridade na tradução torna-se necessária.
Ce travail a le but de présenter une nouvelle approche de l’image de l’étranger en tant qu’une représentation de l’Autre. Nous nous proposons d’analyser la figure de l’étranger sous la perspective de la traduction intersémiotique et culturelle, ayant comme objet la représentation de ce sujet dans le film québécois Le Survenant (2005) inspiré du roman, dont la premièreparution date de 1945, écrit par Germaine Guèvremont. Dans ce sens-là, les études déconstrutivistes nous fournissent des réfléxions importantes pour la compréhension du discours de l’Autre. Nous partageons ici notre pensée que l’étrangeté peut être traduite à travers la lecture de l’Autre, tout en tenant compte que cet Autre-ci n’est qu’une représentation enracinée dans l’imaginaire colective. C’est une lecture qui considère l’Autre menace les verités établises dans une communauté, où l’étranger est cet Autre qui engendre les conflits entre des pensées qui se heurtent. À partir de l’interprétation que les discours s’organisent en fonction d’une identité prédéterminée, on observe que les identités se construisent par le biais de l’altérité. Ainsi, étant le discours un langage, il subira toutes les contraintes que les identités des sujets de ces discours représentent. Dans ce domaine, une réfléxion sur le rôle de l’altérité dans la traduction devient nécessaire.