Este trabalho apresenta o resultado de pesquisas realizadas em torno das obras de dois poetas: Patativa do Assaré, do século XX, no Brasil, e José Hernández, do século XIX, na Argentina, estabelecendo comparações com base na representação identitária, com abordagens sobre Literatura Popular, oralidade e performance. A Literatura Popular, menosprezada durante muito tempo, tem sido alvo de estudos a partir da segunda metade do século XX; no seu seio, os dois poetas em questão expressaram o sentir de suas comunidades e, por isso, tornaram seus personagens − o sertanejo e o gaucho − representantes da identidade nacional de seus países. O caboclo e o gaucho foram escolhidos para essa finalidade por serem filhos autóctones dessa terra cheia de misturas. Aspectos da natureza e personagens se entrelaçam nesta investigação para demonstrar a influência do espaço sobre a identidade dos indivíduos que, atingidos também pelas vicissitudes da vida, sofreram mudanças constantes numa época em que se procurava por uma identidade fixa. Os autores se empenharam em refletir o pensamento do sertanejo e do gaucho que, como selo de originalidade, se revelaram em uma espécie de filosofia de quem, sem estudar, aprende com a natureza. Nesse entrecruzamento realizado, surgiram semelhanças e diferenças, às vezes surpreendentes, que são apontadas como marcas importantes, em se tratando de autores e personagens de espaços e tempos diferentes. As análises de poemas e os estudos teóricos, em torno da oralidade e da performance resultaram em um diálogo que se considera salutar entre academias da Argentina e do Brasil, um intercâmbio interessante, senão valioso.