RISCOS DO TRAÇO E DO OLHAR NAS NARRATIVAS-LIMIAR DE GUIMARÃES ROSA E GLAUBER ROCHA

Autor: 
MARISA AUREA DE SA FALCAO
Orientador: 
EVELINA DE CARVALHO SÁ HOISEL
Banca: 
EDUARDO DE FARIA COUTINHO ANTONIA TORREAO HERRERA CLEISE FURTADO MENDES DENISE CARRASCOSA FRANCA
Abstract: 

From the concept of threshold, the presente work analyses the strategic narratives of the novel Grande sertão: veredas by João Guimarães Rosa and the film Deus e o diabo na terra do sol by Glauber Rocha, evaluating the destabilising effects that these threshold-narratives exercise on the contemporary notions of time, space and identity. Using the concept of cinematic cutting as image of thought, metaphor of the threshold, it examines the tension established by narrators that stand between verisimilitude ordering of a continuous narrative and the wandering of a narrative established under the subversive action of simulacrum, responsible for establishing the non-chronological time, the de-territorialized space and the paradoxical identity. In order to better reflect on this tension between verisimilitude and simulacrum, it also analyses some tales of the book Primeiras estórias de João Guimarães Rosa, the novel PanAmérica by José Agrippino de Paula and the films Psycho by Alfred Hichtcock, A Idade da terra and O dragão da maldade contra o santo guerreiro by Glauber Rocha, besides Run Lola run by Tom Tykwer, establishing a dialogue between the narrative strategies of these works and the threshhold-narrative of Grande sertão: veredas and Deus e o diabo na terra do sol. It concludes that the moving character of a threshold-narrative develops itself by the deviation of the simulacrum in processes of deterritorialization which refer to an incessant agencing between coding and decoding signic strategies.

 

Keyword: Grande sertão: veredas. Deus e o diabo na terra do sol. Comparative literature. Literature and movies.

 

Resumo: 

A partir da noção de limiar, o presente trabalho analisa as estratégias narrativas do romance Grande sertão: veredas de João Guimarães Rosa e do filme Deus e o diabo na terra do sol de Glauber Rocha, avaliando os efeitos desestabilizadores que essas narrativas-limiar exercem sobre as noções contemporâneas de tempo, espaço e identidade. Utilizando-se do conceito de corte cinematográfico como imagem de pensamento, metáfora do limiar, examina a tensão estabelecida por narradores que se posicionam entre a ordenação verossimilhante de uma narrativa contínua e a errância de uma narrativa elaborada sob a ação subversiva do simulacro, responsável por instaurar o tempo não cronológico, o espaço desterritorializado e a identidade paradoxal. Com o objetivo de melhor refletir sobre essa tensão entre verossimilhança e simulacro, analisa também alguns contos do livro Primeiras estórias de João Guimarães Rosa, o romance PanAmérica de José Agrippino de Paula e os filmes Psicose de Alfred Hichtcock, A Idade da terra e O dragão da maldade contra o santo guerreiro de Glauber Rocha, além de Corra Lola, corra de Tom Tykwer, estabelecendo um diálogo entre as estratégias narrativas dessas obras e as narrativas-limiar de Grande sertão: veredas e Deus e o diabo na terra do sol. Conclui que o caráter movente de uma narrativa-limiar se desenvolve pela ação de desvio do simulacro em processos de desterritorialização que remetem a um agenciamento incessante entre estratégias de codificação e de descodificação sígnicas.

Palavras-Chave: Grande sertão: veredas. Deus e o diabo na terra do sol. Literatura comparada. Cinema e literatura.

 

Data: 
quinta-feira, 5 Junho, 2014 - 12:45